As eleições de 2024 estão se aproximando, trazendo à tona um cenário repleto de desafios e oportunidades no uso da tecnologia. A digitalização dos processos eleitorais promete facilitar a participação e a transparência, mas também exige uma atenção especial para os riscos que podem surgir.
Um dos grandes avanços tecnológicos é a capacidade de alcançar um público mais amplo, especialmente os jovens, que estão cada vez mais conectados. As ferramentas digitais, como as redes sociais e as plataformas de informação, têm o potencial de incentivar a participação e oferecer dados em tempo real sobre o comportamento dos eleitores. No entanto, essa evolução demanda que as instituições se adaptem, garantindo que todos os cidadãos, independentemente de sua familiaridade com a tecnologia, tenham acesso igualitário às informações e ao processo eleitoral.
Entretanto, o uso de tecnologia nas eleições não é isento de perigos. Nas eleições de 2018 e 2022, vimos como algumas empresas utilizaram grandes bases de dados, muitas vezes resultantes de vazamentos, para disparos automatizados de mensagens e gestão de mídias. Essa prática impactou o processo eleitoral através de ataques e desinformações, permitindo que campanhas personalizassem suas estratégias com base no comportamento dos eleitores. Além disso, a criação de deepfakes — vídeos ou áudios falsos — representa uma ameaça real, capaz de enganar os eleitores e minar a confiança no processo democrático.
Ciente desses desafios, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem implementado mudanças importantes para regular o uso da tecnologia nas eleições deste ano. As novas normas permitem a propaganda eleitoral em blogs, páginas na internet e redes sociais de candidaturas, partidos e coligações, desde que seus endereços sejam informados à Justiça Eleitoral e hospedados em provedores estabelecidos no Brasil. Isso visa garantir um espaço mais seguro e controlado para a veiculação de informações eleitorais.
Um aspecto relevante das novas diretrizes são as novas regras para o impulsionamento de conteúdos na internet que promovam ou beneficiem candidaturas. Nesse contexto, o Google anunciou a proibição de publicidade política para as eleições municipais de 2024, refletindo um esforço conjunto para minimizar a desinformação e garantir um ambiente mais equitativo para os candidatos. Essa medida se alinha à vedação de circulação paga ou impulsionada de propaganda eleitoral na internet, que não poderá ocorrer nas 48 horas que antecedem e nas 24 horas que se seguem à eleição, independentemente de quando a contratação foi feita.
Essas medidas são um passo importante para garantir que o ambiente eleitoral seja seguro e justo, refletindo a vontade da população de forma transparente. A colaboração entre governos, empresas de tecnologia e a sociedade civil será essencial para enfrentar esses desafios e criar um espaço democrático mais sólido. As eleições de 2024 representam um momento crucial no uso da tecnologia, onde todos nós temos um papel importante a desempenhar. Eleitores, candidatos e instituições precisam agir com responsabilidade, reconhecendo o poder que a tecnologia tem de influenciar nossas decisões e moldar o debate público. A conscientização sobre a desinformação e o uso ético das ferramentas digitais deve ser uma prioridade para todos, criando um ambiente mais transparente.