Quando foi a última vez que você parou para cuidar de si mesmo? As ações de autocuidado e seus benefícios para o bem-estar físico e mental são foco do texto escrito por Leandro de Jesus Malaquias para o Ser e Crescer. Conheça o Psicólogo e professor e leia o conteúdo na íntegra:
Autocuidado: um ato de amor consigo mesmo – Por Leandro de Jesus Malaquias
O ato de cuidar de si mesmo é algo que frequentemente vem passando de forma despercebida pelos nossos olhares. Nosso corpo, considerado como uma das nossas principais moradas, sempre nos emitem sinais claros de alerta, nos fazendo lembrar que, precisamos ter mais atenção e cuidado conosco. O autocuidado é um ato de autorrespeito e de amor-próprio, são ações que precisam ser colocadas em práticas, já que o seu exercício pode promover o bem-estar físico e mental, colaborando assim, para uma boa qualidade de vida.
Se recorrermos a Organização Mundial da Saúde (OMS – World Health Organization – WHOc, 2013), descobriremos que, o autocuidado é “a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades de promover sua própria saúde, prevenir doenças, manter a saúde e lidar com doenças e deficiências com ou sem o apoio de um profissional de saúde”. É possível perceber, por meio dessa definição, que o conceito é amplo, pois, abrange diversas questões, mas o que nos chama atenção, é que o ato de cuidar de si, possibilita o indivíduo tornar-se sujeito ativo no gerenciamento do seu próprio cuidado.
Durante a pandemia da Covid-19, a temática sobre o autocuidado tornou-se uma questão diligente, pois, foi nesse momento devastador para a humanidade que pequenas ações de autocuidado como, lavar as mãos e o uso de máscaras, fizeram grandes diferenças, preservando assim, muitas vidas. Toda essas ações que ocorreram no auge da pandemia, veio para confirmar os dizeres de Eloita Pereira Neves, uma enfermeira pesquisadora da área, onde, em 1987, já afirmava: “O autocuidado representa muito mais do que a capacidade do indivíduo de fazer “coisas” por si e para si mesmo” (NEVES, 1987). Cuidar de si é zelar pelo outro também, por isso, o autocuidado deve ser um hábito diário do ser humano, e não realizado somente em situações de disseminações de doenças.
Após essa explanação acima, te desafio fazer uma reflexão sobre as seguintes questões: como você atualmente vem cuidando de si mesmo? Você tem percebido os sinais que o seu corpo vem emitindo? Você tem observado como as suas emoções vêm refletindo no seu comportamento e no seu desenvolvimento pessoal e profissional? Provavelmente um turbilhão de pensamentos tomaram conta de você ao pensar nesses questionamentos, porém, estou aqui, por meio desse texto para te ajudar a entender melhor como você pode colocar em prática o autocuidado, favorecendo assim, de forma positiva, uma harmonia entre a sua saúde física, emocional, social e mental.
Existem diversas maneiras de colocar o autocuidado em prática, muitas vezes, uma simples mudança na rotina, como fazer uma atividade física, dormir mais cedo já são ações que podem estabelecer diferenças no bem-estar e contribuir para uma melhora na disposição diária do indivíduo. No início poderá ser difícil, pois, acrescentar algo em uma rotina já estabelecida pode ser complexo e é comum nesses casos criarmos mecanismos de defesas e resistências contra novos costumes.
As atividades que cada indivíduo propõe para cuidar de si mesmo irão variar em cada situação, como veremos a seguir. O autocuidado físico, como muitos pensam, ele vai além do cuidado estético. Nessa categoria, as atividades propostas colaboram para manter e/ou melhorar a saúde física, e deixar o corpo com a energia necessária para a rotina diária, como: alimentações saudáveis e/ou uma reeducação alimentar, uma hidratação hídrica adequada, exercícios físicos, uma boa noite de sono, ficar um tempo longe das telas dos computadores e celulares, relaxar, fazer alongamentos, dançar e diversas outras intervenções podem colaborar com a preservação da sua saúde física e até mesmo, com a prevenção de doenças.
O autocuidado emocional é composto por diversas condutas que têm como foco cuidar das emoções. O excesso ou a falta dela é o que determina o humor. Antes de citar exemplos de atividades que podem ajudar a desenvolver o autocuidado emocional, se faz importante aqui, mencionar quais são as cinco emoções básicas para qualquer indivíduo, conhecidas popularmente como universais, são elas: medo, raiva, alegria, tristeza e nojo. Agora, após conhecê-las, é possível compreender o porquê elas são responsáveis pelo nosso temperamento.
Confira agora, algumas dicas para o autocuidado emocional: organize o seu espaço, descreva em uma folha de papel o que você sente, se atente para a sua alimentação, faça uma caminhada ao ar livre, ajude o próximo sem esperar retribuições, seja grato pelo que você tem e tenha consciência que às vezes, nem sempre teremos aquilo que desejamos, mas nem por isso, desvalorizamos o que possuímos, viva o presente, seja recíproco para o bem, crie um círculo virtuoso de positividade, demonstre as suas emoções, converse com os amigos mais íntimos, não devolva o que for negativo, diga mais sim para você mesmo, desconecte-se do mundo virtual e faça psicoterapia, pois, aqui, o psicólogo poderá te ajudar a compreender melhor as suas emoções e auxiliar no reflexo que elas estão tendo no seu comportamento.
Muitos não conhecem o autocuidado social, porém, ele está presente no dia a dia muito mais do que imaginamos, pois, ele corresponde a conexão que temos com outras pessoas. Essa interação social é importante para promover a felicidade e ela acontece no meio familiar, no ambiente de trabalho, no âmbito escolar e entre amigos. Somos indivíduos sociais, é comum procurarmos aconchego em uma rede social. Além disso, a socialização ela pode ter um impacto positivo na saúde mental, emocional e até mesmo na física. Sendo assim, não se culpe entre optar estar em uma roda de amigos ao invés de estar estudando, lembre-se dos benefícios que isso ofertará para você. Exemplos de autocuidado social: fique perto de pessoas que te fazem bem, ligue para um amigo ou parente distante, reconecte-se com velhos amigos, conheça novas pessoas, seja voluntário, comece a dizer sim a convites e oportunidades, não se isole, tenha solidariedade e coloque em prática a empatia. Todas essas ações, e outras mais, nos fazem entender que não permanecemos sozinhos. O autocuidado social não significa que temos que fazer coisas com as outras pessoas apenas por fazer, e sim de propor desenvolver atividades com seres que nos fazem sentir bem.
Cuidar da saúde mental é fundamental, e o autocuidado dessa categoria, se faz muito importante, até mesmo porque as atividades que correspondem a ela, contribuem para o alívio de dois males que vêm aterrorizando o ser humano: a ansiedade e o estresse. Mas como podemos manter a mente mais saudável através do autocuidado? Aqui, citarei alguns exemplos, como: praticar a compaixão, exercer a aceitação, efetuar um diálogo interior, fazer terapias e psicoterapias, desempenhar o amor-próprio, propor momentos de meditações, ler livros, assistir filmes e outras inúmeras atividades.
Todas as ações que foram mencionadas nesse texto, independente das suas categorias, contribuirão de alguma maneira para todas as formas de autocuidado, elas se mesclam para oferecer a você, de você mesmo, uma atenção merecida e necessária, um ato de amor-próprio. Além do mais, o autocuidado é um dos primeiros passos para o autoconhecimento. Assim, deixo aqui um último questionamento reflexivo: como você tem cuidado de si?
Referências
NEVES, Eloita Pereira. Reflexões acerca dos conceitos autocuidado e competência/poder para o autocuidado. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 1987.
World Health Organization – WHOc. Self-care for health: a handbook for community health workers & volunteers. Library Cataloguing-in-Publication, 2013.