O Valor do Tempo
Por Carlos Henrique
Convido você a filosofar um pouco sobre a essência do tempo, saiba que: tempo é tudo e tudo é tempo. O que você possui nessa vida, independente de sua crença ou da falta dela, é o tempo que lhe resta.
Não permita que essa afirmação lhe cause dissonância cognitiva, pois é só um pensamento filosófico que não expressa à realidade como um todo, apenas uma fração dela, sendo importante para o raciocínio que está por vir.
A idéia é muito simples, das 24 horas do seu tempo diário, você troca 8 por dinheiro, sendo que as demais 16 horas não são relevantes para nossa conversa de hoje, apenas vamos focar nessas 8 horas.
Seria muito bom se vivêssemos em algum tipo de utopia, em que o mundo fosse mais justo e pouco exigente. Como não é esse o caso, vamos tratar aqui de um fato: Você precisa melhorar constantemente o valor de seu tempo, ou seja, o dinheiro que sua hora vale. Outro fato é que sim, a hora de algumas pessoas é mais cara do que a hora de outras pessoas, e isso nem sempre está ligado a inteligência, formação acadêmica ou a parentesco e posição social. Esses itens podem facilitar e as vezes tem sim sua influência no preço da sua hora, mas inevitavelmente o fator determinante dessa composição de valor-hora é o que você é capaz de produzir durante essa uma hora.
Obviamente, investir em graduações, especializações e no aprendizado de novas tecnologias aumenta seu valor hora, mas não necessariamente a sua capacidade de produzir mais. Vejamos um exemplo bem simples, existem pedreiros que ganham bem mais que programadores, nem por isso eles precisam de graduação universitária, apenas precisam produzir algo que alguém queira pagar para ter.
Uma parede de tijolos bem feita, alinhada no nível e com o prumo perfeito, demanda mais tempo do que uma parede de tijolos feita sem o mesmo zelo. A longo prazo porém, o pedreiro que se dedicou mais na tarefa inicial, pode economizar até a metade no tempo no reboco, além da quantidade do material utilizado. Assim, o tempo a mais gasto na produção da parede bem feita é um excelente investimento no tempo total de produção da obra. Pensando que esse pedreiro seja experiente e desenvolva uma alta produtividade, o valor da sua hora de trabalho será elevado, pois oferece um produto melhor e mais rápido que seus concorrentes.
Não necessariamente é preciso ser o melhor do mercado, mas estar entre os melhores já garante a esse pedreiro um retorno maior na relação tempo/dinheiro
Trazendo esse exemplo simples e de fácil compreensão para a nossa realidade de tecnologia, eu trago aqui algumas dicas teóricas e outras práticas para se aumentar a produtividade no dia a dia:
Dica 01: Seja seu maior crítico, autocrítica é fundamental, desde que não seja uma critica destrutiva. Entender suas fraquezas e pontos positivos vai possibilitar uma definição de estratégia pessoal baseada na realidade e não em idealismo. A visão ideal de você mesmo é sua maior inimiga, evite isso.
Dica 02: Tenha uma meta, saiba aonde quer chegar e lembre-se que os fins não justificam os meios, a forma como vai chegar ao seu objetivo é muito importante e vale ressaltar que casas construídas sob a areia, vão abaixo com muita facilidade.
Dica 03: Leia livros, saia do computador e vá ler livros. Podem até ser livros técnicos, porém o objetivo aqui é ler assuntos que lhe são estranhos, um livro quem sabe sobre neurociência, comportamento humano, biologia, qualquer um sobre outra área que lhe seja estranha.
Sempre tenha no repertório um sobre gestão financeira e história militar, isso vai enriquecer a sua capacidade de solucionar problemas, pode não parecer mas tirar seu cérebro da rotina vai treinar ele a ser criativo. Se você precisa de uma sugestão de por onde começar, comece pelo livro: Os Axiomas de Zurique de Max Gunther. Aplique em sua profissão e decisões diárias.
Dica 04: Identifique os padrões do seu cotidiano, no exemplo do pedreiro, identificando os padrões, ele pode desenvolver ferramentas que agilizam o trabalho, diminuindo o tempo gasto para produzir paredes perfeitas.
No nosso dia a dia, existem tarefas que facilmente podem ser substituídas por programas, vamos a um exemplo prático e bem simples:
Imagine que você recebe uma planilha em Excel, com 1000 linhas sendo cada linha um documento fiscal com um fornecedor, e precise recalcular os encargos, pois houve uma alteração na alíquota e os pagamentos já estão prontos, impossibilitando o usuário gerar pelo sistema.
Teremos 1000 comandos, mas com um padrão específico, o que mudará serão algumas variáveis, como o valor da nota fiscal, e as alíquotas que serão aplicadas a esse valor.
Apenas com o uso simples do Excel, em poucos minutos é possível internalizar no banco de dados de desenvolvimento todos esses registros:
Com isso teremos o trabalho de desenvolver uma função que contenha através de “CTRL+C e CTRL+V”, as regras do GRP para cálculo do encargo, e a partir disso, é só executar os seguintes comandos:
Como vimos nesse exemplo, com poucas linhas de comandos, geramos todas as 1.000 linhas solicitadas, automatizando a programação de linha a linha que levaria muito mais tempo do que o necessário. Uma boa parte das nossas atividades diárias tem algum padrão que pode ser mapeado e automatizado, basta identificá-las e decidir se vale à pena automatizar ou não determinada tarefa.
Dica 05: Por último e não menos importante, saiba vender o valor agregado da sua hora de forma justa e honesta, o “cliente” tem de entender o seu custo benefício, e aceitar pagar por isso. Portanto mantenha registros de seu trabalho, as entregas serão observadas, porém, vale manter um portfólio de suas maiores realizações, para no momento adequado ter bons argumentos para renegociar o valor do seu tempo.